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Como Transformar sua Cozinha numa Fábrica de Produção – Parte 3: Finalização

7 de abril , 2022
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No episódio 1 dessa sessão de cozinha falamos sobre a parte administrativa, no episódio 2 discutimos o pré-preparo e nesse episódio vamos falar sobre a finalização.

Finalização é aquela emoção, é muito interessante! Todo cozinheiro que é apaixonado por cozinha, que quer fazer escola de culinária, está sempre pensando na finalização, raramente no pré-preparo.

Numa tranquilidade, cozinha silenciosa, mas não é como se vê nos filmes… mas sim, aquela bagunça, aquela cantada de comanda, o garçom que chega e pendura a comanda ali, uma mesa é completamente diferente da outra e aí, de repente, tem 500 comandas entabuladas no comandário.

Tem restaurantes que chegam a ter 20, 25 mesas sendo produzidas ao mesmo tempo! Ou até mais! E cada comanda tem a sua especificidade, pratos diferentes, entrada, prato principal, essa ciência da finalização é complicadíssima!

Dominar essa arte da finalização é muito complicado, e você precisará dos instrumentos corretos para dominá-la.


Profissional de finalização

É outro tipo de profissional que precisa ter memória boa, estar ligado, estar acostumado com a correria… é a pessoa que está acostumada a trabalhar com “mãos de polvo”! Cada mão fazendo uma coisa em um momento determinado. Cozinha de finalização é outro mundo.

Instrumentos para a cozinha de finalização

E os dois principais instrumentos da cozinha de finalização são:

1°- Checklist de mise en place. Se nunca ouviu esse termo na vida, me desculpe, mas você está equivocado se for o dono de um restaurante, gerente de uma operação gastronômica.

Um chef de cozinha ou um cozinheiro duvido que nunca ouviram falar sobre isso, mas, às vezes, o dono do restaurante não tem ideia do que seja, o que é um erro grande. 

2°- Ficha de montagem do prato. É como uma ficha técnica, mas voltada para a finalização do prato. Vou explicar mais adiante.

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Importância de ter um sistema organizado

Sempre falamos sobre as diferenças entre amadores e profissionais. Você poderá contar com a memória dos seus cozinheiros, mas o mais adequado é que tenha uma planilha organizada, os sistemas em ordem, porque se o chef estiver doente, e ele é o único que tem na cabeça as quantidades que precisam ser produzidas a cada dia no pré-preparo, ou se ele for embora, você, empresário, virará refém daquele funcionário.

E você não pode ser refém dos seus funcionários!

Tem que ter sistemas implantados e é a mesma coisa com o checklist de mise en place, você não pode contar com a memória do cozinheiro.

Checklist de mise en place

Você tem que ter todos os itens necessários para ter uma performance boa naquele turno de trabalho, o checklist, inclusive, varia do almoço para o jantar, pode ser que a quantidade de coisas que você precisará sejam diferentes porque, de repente, é outro menu, no almoço é um menu executivo, no jantar um a La carte.

E pode ter também uma variação grande de quantidades entre o almoço e o jantar.

Então, esse checklist de todos os insumos que precisará ter à mão para começar bem o turno, o serviço, poderá variar.

Por isso que fazemos um checklist de mise en place específico para o almoço e outro específico para o jantar

Um checklist para cada praça

É preciso ter um checklist para cada praça. Geralmente a cozinha é dividida por praças. É importante saber disso, você que é um empreendedor novato no mundo da gastronomia.

Tem gente que chama de estações, outras de praça, na França é garde-manger, entremetier, saucier, nos EUA é estação de salada, de sanduíche, de grelha, fogão… Os termos são um pouco diferentes, mas em cada praça, em cada estação, você tem um checklist de mise en place determinado.

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Um cozinheiro encarregado pela zona da grelha, por exemplo, tem a lista dele onde estará especificado qual o item, a quantidade, o invólucro em que ficará, ou seja, tudo o que o cozinheiro for precisar deverá estar muito bem especificado.

O cozinheiro não pode perder tempo, por isso que quanto mais organizada essa mise en place, menos tempo ele perde. 

Checklist assinado

Quanto mais específico estiver o seu checklist, melhor, e deverá estar assinado pela pessoa que fez aquele pré-preparo, porque você, como gerente, dono ou chef de cozinha mesmo, terá certeza de que todo mundo está com a sua estação de trabalho bem organizada, preparada para o sucesso do turno.

Você precisa ter essa certeza! E para isso, peça para a pessoa assinar o checklist daquela estação que ela mesma preparou.

Se o funcionário entra às 3 da tarde na cozinha e trabalhará até meia-noite, às 6 da tarde ele deverá estar com a sua mise en place organizada. Você, como responsável pelo estabelecimento, deverá ter essa certeza.

Vá até a estação de trabalho dele e verifique a lista, dando check para cada item que já estiver ali com as quantidades certas. E repare que essa quantidade também varia entre os dias da semana. Isso é uma ciência que irá aprimorando, refinando.

Isso pode ser feito na cabeça das pessoas, como é feito na maioria das operações. E funciona enquanto o funcionário estiver na sua equipe. Mas, de novo, eu não quero que seja refém dos seus cozinheiros nem do seu próprio negócio.

Você precisa ter tudo isso sistematizado, calculado. E esse ganho de expertise que você vai adquirindo ao longo da operação, vai incorporando na inteligência do restaurante.

Tem que estar registrado em algum lugar. E o lugar para esse registro é o checklist de mise en place de cada uma das estações.

Pode ter certeza de que onde não existe um checklist de mise en place, existe bagunça. Reina o caos.

Ficha de montagem

Outro item muito importante é a ficha de montagem do prato.

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Existe uma diferença entre uma receita culinária, ficha técnica e ficha de montagem. A ficha técnica, ao contrário do que muita gente pensa, não é utilizada nesse momento de finalização do prato e sim, a ficha de montagem do prato. Cozinheiro tem linguagem própria, não gosta de ml, gramas, quilos, litros.

Ele não olha essas coisas! Pode entrar em qualquer cozinha e entregar uma ficha técnica para um cozinheiro e ele não usará.

E não usará com razão! Essa não é a linguagem do cozinheiro, ele não nem tem uma balança perto para saber se as 3 colheres de sopa de purê que ele usou, equivalem a 150g ou não! Não é assim que acontece na cozinha, o ritmo é intenso, e é para isso que serve a ficha de montagem.

A linguagem do cozinheiro é concha, colher de sopa, aquilo que ele tem na mão. 

As coisas na cozinha vêm pré-preparadas

Em uma cozinha as coisas já vêm pré-preparadas. O cozinheiro tem 5 minutos para finalizar o prato. Às vezes um pouco mais, 10 minutos. Mas é tudo muito rápido. Então, a ficha de montagem tem que ter uma foto bonita do prato, e a linguagem é a seguinte, por exemplo: esquente a frigideira tamanho 3; uma borrifada de azeite; uma colher de sopa de cebola picada; 1⁄2 colher de sopa de alho picado; um frango marinado; saltear por 3 minutos; retirar o frango; dar uma deglaceada com 1 copo de vinho; colocar ½ concha de creme de leite; etc.

Você estará falando a linguagem que o cozinheiro conhece. Ele sabe. Não que ele vá seguir a ficha o tempo todo, mas ficará fácil para treinar novos cozinheiros! Ficará fácil para ter o seu sistema andando!

Se tiver uma pessoa nova naquela estação, ao colocar essa ficha de finalização na frente dele, ele saberá! É assim que funciona a cozinha de finalização.


Conclusão

Para finalizar, quero fazer com você essa distinção: o que é uma receita culinária, uma ficha técnica de finalização, e uma ficha de montagem.

Lembrando que a ficha técnica de finalização você não utiliza no dia a dia da montagem do prato, e sim para dar preço, para saber o preço de custo, não no dia a dia.

Para o cozinheiro, na cozinha, utilize a ficha de montagem do prato na linguagem que ele estiver acostumado.

E o instrumento mais importante e mais negligenciado da cozinha, o checklist de mise en place. Lembre-se: checklist de mise en place e ficha de montagem com a foto de cada um dos pratos. 

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Marcelo Politi

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